julho 22, 2010

Protegida

A senha do cartão do banco estava errada.
11 horas da manhã, a vontade de sair dalí e procurar um lugar seguro para se esconder do resto das pessoas. Esperou do lado de fora por quase uma hora, os carros passavam velozes, mas tinha a impressão de que todos os motoristas olhavam para ela- não por ela chamar a atenção, mas porque era o único ser vivo naquela calçada.
Chegou um grande automóvel com um casal e uma criança: um lindo garoto com olhos verdes e sardas no rosto. Os viu entrar no banco e ficou observando aquela atividade tão rotineira; parecia um casal feliz. Ou não. Pelo menos o garotinho era bonito.
Percebeu seu reflexo na porta de vidro, o que a fez desviar o olhar por instantes. Sentiu-se estranha, seu corpo estava diferente. Por muito tempo não se olhava de corpo inteiro frente à um espelho. De fato, portas de banco não são espelho, o que a fez pensar 'é impossível eu estar gorda'. Ficou muito tempo observando sua roupa, parecia uma boneca.
O casal saiu do estabelecimento, e seu coração pulou. Eles não podiam ir embora, pois ela se sentia protegida com eles alí; então resolveu se afastar, atravessou a rua (e somente isso). Ficou parada, do outro lado da calçada, onde ainda dava pra ver seu reflexo na porta. O casal se foi.
Escondeu-se entre os veículos estacionados, estava segura (mas não por muito tempo...). Ela não desconfiava do que estava por vir...




B.

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