agosto 17, 2011

Agridoce

O dia se arrastou forçando-a a refletir sobre si, o que não era bom, pois dos erros cometidos, estava farta. E dos arrependimentos, idem.
Sentiu-se pandora por abrir a caixa e liberar todo o mal que passou a rondar-lhe. Sentia-se insegura e triste, fracassada e sozinha.
Esperou sentada em sua cadeira de balanço alguma resposta para todas as perguntas que fizera a si durante o dia arrastado. Lembrou-se carinhosamente de transeuntes que mais tarde virariam seus amigos-companheiros-fiéis.
Lembrou-se especialmente do garoto de apenas um olho, aquele que ela dedicava todas as suas tortas, assadas nos fins de tarde, ou no começo das madrugadas.
"Hey, boy with one eye, onde está você que nunca mais me procurou, esquecera de mim?"
O balanço da cadeira intensificou seu sono. Olhou para os ponteiros do relógio que pareciam se movimentar devagar, levando-a a pensar que um segundo demorava demais para passar.
Fechou os olhos e desejou descansar então, mas que dessa vez fosse pra sempre. Só assim encontraria a paz ao lado do garçon avec un œil.

Entretanto, antes de partir para longe, tinha direito a um último desejo. Desejou responder a si mesma uma de suas perguntas, quais não a deixavam em paz. Abriu os olhos, e perguntou-se, em seguida respondeu-se:

- Quando vamos dormir, e acordar sonhando?
- Agora.




B.