julho 10, 2010

O obrigado.

Eu não sabia quem era ele, nem imaginava sua graça, muito menos onde ele dormia. Sabia que ele escrevia há anos, que era triste, que não tinha vontade de nada, que era problemático, que mal tinha amigos, que devia usar algum tipo de droga (ou não), que ouvia música boa, que vestia calças justas. E que era gay. Mas na verdade, eu não tinha tanta certeza disso, como tinha de outra coisa, que pra mim, era o que mais importava: Ele não só queria, como precisava ser feliz.
E quando percebi isso, senti uma vontade imensa de tentar. Tentar o que ? Tentar fazê-lo feliz ? Euuu ? Soaria ironia. Não. Eu me sentia incapaz. Ora porque eu não era tão feliz assim. Ora porque talvez ele me achasse muito idiota se eu o revelasse.
Ele não sabia quem eu era. Demorou um mês, mais ou menos, para eu falar com ele. E, na verdade, eu nem falei nada, só apareci em sua frente. Então, ele descobriu que eu existia e me disse algo... algumas poucas palavras.
Só que ele me disse, simplesmente, a melhor palavra que ele poderia dizer. Essa mesma palavra que hoje, depois de tantos meses, ele repete (com outros sentidos).
Ele me disse Obrigado.
Ele me agradeceu pela fina chuva que fazia naquele dia. Mas não importa o porquê, nem pra quê, nem nada. Esse foi o começo, um agradecimento.
Eu estava viva. Ele também. Então, eu esqueci se era feliz ou não; capaz ou não; e resolvi tentar.
É. Eu tentei.



B.

Um comentário:

  1. Isso me soa muito familiar. Me identifiquei muito com isso.

    Adorei o que você escreveu.

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