julho 21, 2010

Spotless mind


Depois de uma bela cena do filme, virou-se afim de passar uma mensagem de 'eu me lembro' para ela. Ela estava emocionada, rosto brilhando pelas lágrimas que escorreram. De fato a cena do filme era triste, uma despedida, mas só as mais sensíveis pessoas a sentiriam para se emocionarem.
Ao ver essa imagem, sentiu algo estranho, que o levou a presenteá-la com um longo beijo. Nesse momento, o filme foi pausado e ele iniciou a conversa.

- Nunca quis ninguém como te quero.
- Eu também.
- Mas eu tenho tanto medo...
- De quê ?
- Eu tento viver o 'hoje', mas não consigo...
- Do que você tá falando ?
- ... Minha vida nunca foi muito boa, e o que têm acontecido pra mim, são coisas que eu nunca quis viver, pois pra mim, não é real.
Pôs-se a chorar. Não queria demonstrar aquela emoção, não queria parecer fraco nem covarde diante dela. Mas a dor foi tanta que soluçava a cada segundo.
De fato a vida fora severa com ele. Já havia passado por diversas situações ruins, que o derrubara. Mas também havia vivido ótimos momentos, conhecia a felicidade. Mas para o que ele sentia por ela, momentos não era o suficiente.
- É real ! É de verdade ! Confia na gente. Fica comigo.


Confiança; como confiar em duas pessoas, simultaneamente, sendo uma delas um 'eu', e a outra um 'você' ?
Que tipo de confiança deveria ser aplicada pra esse caso ? de que forma ele iria sentir-se mais seguro ?
O tempo era um bom amigo dos dois. Demorava muito para passar quando estavam juntos. Porém demorava ainda mais quando estavam longe.
Eles confundiam botar mais fé no futuro, ou aproveitar o presente. O hoje pra ele era bom, o amanhã era, vezes melhor ainda, vezes assustador - havia uma estranha neblina naquela ponte que eles caminhavam, não dava pra saber o que viria depois do hoje.
A vida não podia ser tão injusta. Ou podia.
Deram continuidade ao filme. E não apagaram aquela conversa da memória.



Enfim, não me apague da sua memória.




B.

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