Hoje é seu décimo oitavo ano.
Parabéns B., por todas suas conquistas.
Sabe tudo o que você queria, que diz respeito a solidão? Morar sozinha, almoçar sozinha, ir ao cinema e ao teatro sozinha, sentar na praça sozinha, dormir totalmente sozinha, e acordar sozinha também, fazer sexo sozinha, ser sua única e repetir que está so-zi-nha... Você conseguiu. Você procurou por tudo isso, coletou tudo isso, compatou tudo isso, e engoliu aos poucos.
Hoje você espera uma possível digestão. Compra seus próprios presentes de aniversário, escreve suas cartas e envia pro seu próprio endereço. Tenta conversar, tenta até se convencer do contrário. Finge que um cigarro é uma boa companhia para um sábado a noite, e que as músicas que você ouve preenchem o vazio que seus amigos deixaram.
Afirma que está apaixonada por si mesma, mas sabe que sente mais por aquela foto presa na porta da geladeira. A foto dele.
E por falar em fotos, tenta se convencer de que suas fotos, na verdade, são tão completas quanto as que sua amiga fotógrafa tirava. O problema não é a imagem final, a pose, ou a luz do dia. É a situação.
Fique bem, minha mulher, B. Muita saúde para aguentar os cigarros, muito dinheiro para se vestir, muita alegria para fingir, muita paz para suprir seus choros, e muito sucesso na sua única e insubstituível vida.
Feliz aniversário.
Eu te amo.
PS. Mas por favor, não continue sempre assim.
B.