abril 19, 2012

Aniversário

Hoje é seu décimo oitavo ano.
Parabéns B., por todas suas conquistas.
Sabe tudo o que você queria, que diz respeito a solidão? Morar sozinha, almoçar sozinha, ir ao cinema e ao teatro sozinha, sentar na praça sozinha, dormir totalmente sozinha, e acordar sozinha também, fazer sexo sozinha, ser sua única e repetir que está so-zi-nha... Você conseguiu. Você procurou por tudo isso, coletou tudo isso, compatou tudo isso, e engoliu aos poucos.
Hoje você espera uma possível digestão. Compra seus próprios presentes de aniversário, escreve suas cartas e envia pro seu próprio endereço. Tenta conversar, tenta até se convencer do contrário. Finge que um cigarro é uma boa companhia para um sábado a noite, e que as músicas que você ouve preenchem o vazio que seus amigos deixaram.
Afirma que está apaixonada por si mesma, mas sabe que sente mais por aquela foto presa na porta da geladeira. A foto dele.
E por falar em fotos, tenta se convencer de que suas fotos, na verdade, são tão completas quanto as que sua amiga fotógrafa tirava. O problema não é a imagem final, a pose, ou a luz do dia. É a situação.
Fique bem, minha mulher, B. Muita saúde para aguentar os cigarros, muito dinheiro para se vestir, muita alegria para fingir, muita paz para suprir seus choros, e muito sucesso na sua única e insubstituível vida.
Feliz aniversário.
Eu te amo.

PS. Mas por favor, não continue sempre assim.



B.

abril 18, 2012

Seis meses depois

Repita aquela frase, que nem sempre está certa, sobre dar valor só após perder.
Me explique sobre aquele clichê de sentir falta de algo que nunca teve. Isso é inevitável?
Eu nunca mais olhei nos olhos dele, não sei o quanto brilham hoje. Mas suponho que não brilham.
Volto logo,



B.