outubro 11, 2011

Semana

Estava demorando demais pra eu começar a chorar. Passei a acreditar que a ficha só caíra agora, e tentei manter a calma pois antes de morrermos, dizem-nos, há felicidade, luz e coisas boas, diferente do que sinto. Ao menos morrer, não vou. Esperar machuca mais do que cair de imediato, é um martírio.
Há muito tempo deixei de ouvir música por prazer, e passei a fazê-lo apenas para sobrepor a voz de dentro da minha mente. Aquela que tento me livrar e não consigo, aquela que me faz chorar e só se vai quando algo maior, grandioso, a sobrepõe... Música para meus ouvidos.
Mas antes tentar livrar-me da consciência, do que da fome que tenho sentido. Sem interrupções, sinto-me faminta toda hora. E quaisquer coisas que levo a boca, voltam. Nojento assim, não consigo mastigar e engolir um só alimento sólido. Há dias que tenho tomado leite, sucos, chás e nada mais.
Entretanto, não se preocupem. Preocupa-me coisas alheias a essas. Preocupo-me com o horário de verão, com a chuva que não para, e com a dor que não cessa- dentro de mim.
Pensei em relatar isso a vocês, mas eu desisti pois não há perguntas a serem respondidas. Simplesmente diriam-me o que não quero ouvir: Toda dor cessa. Toda chuva para. Toda consciência cala... E toda fome mata.



B.