novembro 09, 2012

Perdida


Existe algo em sua mente?
O que você tenta esconder?
Não, eu não pareço
Conseguir segurar sua atenção

Sentado em um bar
Você vai afirmar que nós somos apenas amigos
Porque não há mentiras, não haverá mentiras
Entre nós dois

O que mais eu posso dar?
O que mais eu posso dizer?
Já que eu não posso fazer você me amar de qualquer jeito

Talvez eu não seria a única
Talvez eu seja muito nova
Mas por razões que eu não posso negar
Me sinto perdida por você

Com quem você está falando?
Ela está apaixonada por você?
Eu posso ver
E eu posso sentir
Você está pensando nela novamente

O que faço com esses remédios?
Por que me olha com esses olhos?
Onde está o senso
Onde está o senso
Em viver com o pretexto?

O que mais eu posso dar? 
O que mais eu posso dizer?
Já que eu não posso fazer você me amar de qualquer jeito
E por razões que não posso negar
Eu sou uma praga
E me sinto perdida por você...



B.


novembro 07, 2012

Lieb

Está tudo aqui. Está na minha garganta. Está no copo de água que estou tomando. Está nos meus dedos trêmulos que digitam. Está nos meus olhos: verdes.
Tudo o que tenho a dizer está comigo. Mas de que adianta se não quer me ouvir? Resolvi escrever, mas você ler-me-ia?
Eu nunca neguei sentir. Um pouco que fosse ou muito que seja, eu sempre me permiti colocar-me diante dos meus monstros e enfrentá-los, dizer a eles que eu seria mais forte que meus traumas dos relacionamentos passados, e que eu não temeria a possibilidade de ter novamente um rosto machucado por agressões, algumas veias estouradas, ou um óbito a enfrentar. Eu jamais o negaria.
Por que você fez isso comigo?
Por que você não sentiu isso comigo?
Por que não para de chover desde que você se foi?
Aí, Lieb, a rotina vai ficando pesada, você não tem mais sua válvula de escape, o tempo vai passando de-va-gar, os amigos não são mais agradáveis, as festas perdem a graça.
E depois de um tempo tentando decifrar os enigmas da esfinge, eu ouço vozes me chamando, ouço uma multidão pedindo ajuda. Eu estou lá, caída no meio de uma grande avenida, achando que tudo acabou, achando que estou ouvindo as últimas palavras antes de dormir. Dormir. Dormir. Eternamente dormir.
Eu sei que tudo está tão perturbador. Eu sei que você já chorou muito pela nossa situação. Eu sei que você talvez esteja arrependido de ter me conhecido. "De onde você veio, Brï?". Mas você teria me conhecido de qualquer jeito, a menos que... "Me desculpe por existir".
Eu estou tentando lutar para deixar essas páginas menos difíceis de serem lidas, menos ásperas, menos árduas, menos intensas.
E eu ainda não te disse o que está aqui: na minha garganta, no copo de água que estou tomando, nos meus dedos trêmulos que digitam, nos meus olhos VERDES.
Por que estou esperando o dia em que você queira me ouvir.

E o psiquiatra que me atendeu disse quando eu estava saindo da sala: "Nada disso vale a pena."

Eu deveria tê-lo respondido: "Viver não tem valido a pena."




B.