junho 25, 2012

Seque os olhos

Lembre-se de mim quando o nariz começar a sangrar. Apenas dezenove, sonhos obscenos com seis meses presa por um mau comportamento.
Só lhe digo, que não diga que não vale a pena, desde que dei uma cambalhota sobre seu corpo, o vinho que bebíamos durante o filme, o sangue que limpamos do seu lençol.
Lembre-se de mim, todos os sonhos materializados, todas as noites sem sonhos, sem dormir. Eu espero que você volte atrás, eu estou te esperando no meio do caminho. E quando tivermos dinheiro, poderemos falar que o amor não é o suficiente, mas que temos o suficiente.
Lembre-se de mim, das longas viagens e dos presentes que usamos até hoje, das nossas alianças simbólicas, de todos os anéis. Lembre-se das roupas de couro, das lingeries pelo chão, e do cheio da manhã pura.
Lembre-se de mim, da vida árdua que levamos, e da vontade de fugirmos, e do ódio que sentimos dos nossos pais. Lembre-se do carinho, do caminho, e do carrinho de supermercado que encheríamos para levar para nossa casa.
Lembre-se de mim, das lágrimas no escuro, da minha expressão desesperada, e você dizendo... Seque os olhos. Alma gêmea, seque os olhos. Seque os olhos. Porque almas gêmeas nunca morrem.


B.