junho 04, 2010

She & Him.


Ela ficou observando o teto por toda aquela manhã, ela tinha quase certeza de que o amava. Na verdade, ela o amava, e muito, e demais, e inexplicavelmente; mas gostaria de ter algo novo para apresentá-lo. Ela é tão idiota.
Percebeu um pouco de sangue no chão, e correu para o espelho ver se era de seu nariz (sangrar pelo nariz acontecia com frequência, pela sua falta de circulação, mas ela não contara à ele sobre suas doenças), seu rosto estava seco. Então, deparou com uma tábua sobre a pia da cozinha, alguns legumes, e uma faca ensanguentada. Estava claro que, novamente, ele tinha tinha se cortado...Ela se preocupava com isso.
Tinha passado algum tempo desde que ela havia parado com a paranóia de tentar encontrar outro alguem dentro de si mesma, talvez ela tivesse descoberto o quão idiota essa ideia pode ser, ela tinha voltado de certa forma a ser quem ela sempre pensou que fosse, e diante disso, os dias pareciam iguais.
Ela tinha o maior olhar de ressaca neste dia, saira pra ver o céu que já não parecia mais tão iluminado, deu voltas no quarteirão, voltou pra casa, e se deparou com ele cortando os legumes novamente, desta vez com outra faca, e com as mãos envoltas por um pano branco. Ele estava com fones nos ouvidos, e quando percebeu sua presença, tirou rapidamente, lhe dando um bom dia muito animado.

- Acordou tarde hoje, isso é raro !
- Tá.
(ela sempre tão idiota...)
- Desculpe por ter dormido no filme ontem. Estava cansado pelo trabalho. Mas fico feliz de poder ter você hoje comigo. Você viu até o final ?
- Sim.
- E qual é o final ?
- Eles se odiaram pelo resto da tarde.

Era dificil manter um diálogo com ela, ora por tédio, ora por sua frieza, ora por sua TPM. Mas seus olhos costumavam dizer mais que sua boca de toda forma. Ela sempre foi uma idiota, e ele, era maravilhoso.
Ele a presenteu com um beijo no canto da boca, o que a fez sentir-se amada pela primeira vez no dia; ela nunca havia tido na vida uma relação saudável se quer que fosse. E agora, tudo era perfeito [com seus defeitos].
Ele havia dito que se não tivesse a conhecido da forma que foi , teria a conhecido de outro lugar talvez de seus sonhos, mas que a encontraria de toda forma. Ela não concordava, achava que tudo tinha seu momento certo, sua duração certa, e isso contribuiu para o relacionamento dos dois.
Ao anoitecer, ela saiu do banho de toalha, havia pensado nele o banho inteiro. Foi até a janela, sentiu o sereno tocar seus lábios, fechou os olhos, e se lembrou que qualquer momento, ele poderia ter um acesso, e se suicidar. Ela era muito idiota, e não esqueceria esses fatos tristes tão cedo. Então segurou forte na cortina, a toalha escorregou pelo seu corpo, ela sentiu o frio descendo pela barriga até alcançar os calcanhares.
Pouco lhe importava quem poderia ver aquela cena, mas tudo o que ela sentia era medo. De todas as formas, era TOTALMENTE apaixonada por ele, e temia que qualquer coisa ruim acontecesse. Até que se lembrou de uma frase "Nossa fé tem que ser maior que nossos medos." Rapidamente, recolheu a toalha, fechou a janela, passou seu hidratante corporal, vestiu qualquer camiseta dele, e deitou-se. Minutos depois, ele trazia consigo sua caixa de filmes (ele era fascinado), mas ela fingiu que já tinha pêgo no sono, respirou devagar com a boca para que ele não percebesse que ela estava chorando, e deixou que o travesseiro cuidasse de secar suas lágrimas.

Ele nunca se decepcionou com ela.
E nem o contrário.



B.

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