junho 08, 2010

Dia oito.

Pela manhã, ela ouviu diversas vezes a mesma maldita pergunta. "O que você tem ?". Ela estava se sentindo normal, cinza, 9 à 79. E nada tinha acontecido.
Um pouco mais tarde, se despediu de suas queridas, e foi ao encontro daquilo que a ofendia profundamente... Observou por minutos aquela antiga geladeira, pagou pelo seu almoço, e admirou a caixa de dinheiro do restaurante, que abria com uma lavanca, linda. Costumava sair o mais depressa possível daquela ofença.

Foi ansiosamente encontrar alguém que fazia sentir-se apaixonada: o novinho do ponto de ônibus. Era meio ridículo, mas quando ela o via, sentia-se uma criança com seu amor platônico, seus olhos com certeza brilhavam, e seu rosto ficava num tom estranho de vermelho, por ser muito branca. Ela colecionava os 'ois' envergonhados que ele dizia assim que a via.
Suas amigas achavam isso de muito mal gosto, a achavam safada, pedófila, boba, qualquer coisa. Cobravam-a por já ser comprometida. Mas isso a fazia sorrir ainda mais, era um detalhe de sua vida que ela vivia intensamente.
E só para deixar claro: Não. Ela não trocava NINGUÉM pelo garotinho.

Gostava de conversar com as pessoas sobre música, sobre o ENEM, e sobre pílula do dia seguinte.
Mas hoje ela queria descobrir o porquê de seu corpo coçar tanto, e estar toda empipocada, vermelha; ela odiava alergias, sua vontade era de tirar a roupa e mergulhar num copo com gelo. Apesar de ela ser pequena-insignificante o suficiente para caber num copo, fazia muito frio. Então, contentou-se em esfregar a bucha pela sua pele branquíssima, enquanto tomava banho.

Uma coisa não saía de sua cabeça. "O copo, o sal, limão, e depois meu trapézio no ar."
Era fã da Pitty, e queria muito ir à um show com duas pessoas que gostava muito da companhia: A fotógrafa Tentação de Eva; e o Futuro Enfermeiro Gato das fotos sensuais na escada.
Estava esperando.


"Mesmo em intermináveis dias e nites, estarei esperando por você. Porque dentro dessa chama, eu sei que é real."


B.

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