setembro 13, 2010

O gosto da tinta

Eu tinha por volta dos onze anos de idade. Lembro que foi logo que comecei a estudar no período da manhã. Era exatamente o primeiro trabalho escolar em grupo que eu faria- e não fiz.
Me senti tão humilhada por não poder participar, e por me excluírem friamente. Eu tinha sido uma vagabunda e ainda queria 'justiça'; claro que estava errada ! Mas eu juro que tinha uma essência inocente. Eu jamais quis prejudicá-las, ou ser uma vagabunda.
Onze anos e queria morrer logo. Totalmente sem perspectiva, me achava um verme. Queria muito morrer logo.
Sabe, eu chorava às vezes e rezava o seguinte:
"Deus, então, se você existe, me mata logo. Porque se você não fizer isso, eu vou saber que você não existe".
Pois é, e Deus nem me matou, nada. Não me lembro se passei a não acreditar nele.
Ainda queria morrer. E talvez muitas outras garotas, ao meu redor, da minha idade, tinham esse mesmo desejo. Porque a vida delas também era uma merda. Só não sei se era tão fodida como a minha.
Não lembro o que houve depois disso. Acho que conheci umas outras pessoas e mudei um pouco.

A conclusão é que o vinho é o mesmo,
O gosto da tinta está ficando velho.



B.

3 comentários:

  1. O lado bom é que dizem que quanto mais velho, melhor o vinho.

    ResponderExcluir
  2. Nesses momentos, adoro uma tragada. Ahh, cigarros...

    ResponderExcluir
  3. Sempre aparece um anônimo querendo fumar comigo. Vamos, diga-me quem és, e faremos isso bem rápido.

    Só pra constar, nessa época que comecei a fumar. Eu acho.

    ResponderExcluir