setembro 03, 2010

Milagre / Miséria


Brï e Maria Fernanda
Cena do musical Homens Brechtinianos - 2009



Esses dias caminhei sobre aquela calçada nostalgica, e percebi alguém sentado na porta de sua casa. Pensar que eu sentava no chão com aqueles olhos verdes. O cabelo ainda preto com franja sobre os olhos verdes, a pele tão branca, e a sequência de sardas na maçã do rosto. Fitou-me até esclarecer um falso sorriso, um oi desdobrado por obrigação. Segui adiante, lembrando daqueles olhos verdes, e pensando que eu tinha que escrever sobre isso.
Escrevo, tão sufocada. Como pode, meu Deus, eu ter essa impressão de que a vida passa como um filme na minha frente.
Isso, rapidamente me lembrou de uma música que interpretávamos no musical Homens Brechtinianos. E me deu muita vontade de escutá-la, e colocar aqui sua letra.

Fica aqui a incrível música Milgre/Miséria. De Adriana Calcanhoto.


Nossas armas estão na rua
É um milagre
Elas não matam ninguém
A fome está em toda parte
Mas a gente come
Levando a vida na arte
Miséria é miséria em qualquer canto
Riquezas são diferentes
Índio mulato preto branco
Miséria é miséria em qualquer canto
Todos sabem usar os dentes
Riquezas são diferentes
Ninguém sabe falar esperanto
Miséria é miséria em qualquer canto
Riquezas são diferentes
Miséria é miséria em qualquer canto
A morte não causa mais espanto
O sol não causa mais espanto
Miséria é miséria em qualquer canto
Riquezas são diferentes
Cores raças castas crenças
Riquezas são diferenças
As crianças brincam
Com a violência
Nesse cinema sem tela
Que passa na cidade
Que tempo mais vagabundo é esse
Que escolheram pra gente viver ?




B.

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